sábado, 23 de abril de 2011




ESTRANHO AMOR




Que amor é esse?
Amor de punhal,
Solferino,
De areia ensaguentada,
cruz arrastada
Em meio ao cruel tumulto.
-Que amor é esse, minha mãe?
A mãe fica muda.
Alguém que me responda?
Nada. Só hoje as estrelas soluçam.
Gotejam suor os lombos da terra,
seguimos por uma estrada única.
Almas lívidas, almas pálidas,
Caminham sob luz profusa
Olhos quase cegos Te procuram.
Lançamo-nos sobre Teus pés,
Beijar teus pés,
Banha-los em lágrimas,
Embalsamá-los,
Pensar-lhe as feridas.
Hoje somos nós
Que tomamos o teu corpo,
Abraçamo-lo como mandou o Anjo.
Que amor é esse?
Perguntamos sem voz.
Látego, sôfrego,
Trago-o como fogo.
Água, lava-me
Este amor de louco.
Jesus, tua cruz, tua loucura.
À meia noite me calo
Em prece de menina que sonha,
Soluço palavras imensas de carinho:
Acredito nele
Mas não me dizes
Que amor é esse tão estranho

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